Não, ter pensamentos suicidas não implica ser-se “louco”, nem necessariamente ser doente mental. As pessoas que tentam o suicídio estão seriamente afligidas e deprimidas. (...) (em Questões frequentes)
Sim, e deverá sempre ser uma escolha da sua responsabilidade. No entanto, ajudar alguém a lidar melhor com os problemas, ver as opções com maior clareza, ajudá-las (...) (em Questões frequentes)
Cenário suicida:
Dor psicológica intolerável (por falta das necessidades psicológicas elementares)
Perda da auto-estima (com incapacidade para aguentar a dor psicológica)
Constrição da mente (menos horizontes e (...) (em Procura apoio?)
Os serviços de atendimento telefónico variam entre si, mas na sua generalidade garantem o anonimato e oferecem a possibilidade de falar sobre o problema do suicídio com (...) (em Questões frequentes)
Sinto-me pouco à vontade com o assunto. Como lidar com a situação?
O suicídio era, tradicionalmente, um tema de tabu nas sociedades ocidentais, que levou ao seu encobrimento só piorando o problema. Mesmo (...) (em Questões frequentes)
O suicídio, mesmo cometido em público, persiste como o mais misterioso acto do ser humano. Todos os anos, cerca de 600 pessoas se suicidam em Portugal e talvez umas 24000 protagonizem comportamentos para-suicidas, designadamente intoxicações voluntárias ou corte de pulsos, ao ponto de serem atendidas em Serviços de Urgência. Sendo dois universos populacionais distintos, parece que aqui e além se entrecruzam. Em ambos se anunciam pessoas sofridas por quaisquer mágoas. Em ambos se observa que provam o sabor amargo do desespero.
A dor que não está limitada ao corpo. A solidão que não deixa ver horizontes. Se uns foram apenas interpretados como viajantes para a morte, outros quiseram tão só espreitar a morte longinquamente. Os primeiros evidenciam uma aparente maior determinação no gesto final, com menor probabilidade de reverter o destino escolhido. Os segundos, torturados pela ambivalência, exibem um jogo comunicacional de manipulação, como um xadrez de sentimentos envolvendo o próprio corpo. No fio da navalha, no risco de todos os perigos, às vezes entre a vida e a morte. Assim se manifestam desamparos e revoltas.
Em Portugal, do ponto de vista epidemiológico, o suicídio mantém o cenário de há decénios, a mesma dualidade do desespero. A Sul de Santarém: elevadas taxas de suicídio, em particular no sexo masculino acima dos 60 anos, com destaque para o Alentejo, um verdadeiro caso-estudo. A Norte de Santarém: baixas taxas de suicídio, muito à custa do Minho e do Grande Porto. O que também surge invariável ao longo dos tempos é a proporção do suicídio entre sexos (relação homem/mulher de 3:1). Em termos de prevenção, o facto de 30% de todos os suicídios ocorrerem após os 70 anos de idade poderá indiciar uma orientação específica, no sentido de contrariar tais determinantes. Na verdade, Portugal não tem o drama de outros países onde o suicídio juvenil é um problema sério. Ao invés, os números do para-suicídio mostram uma tendência crescente, acima da média europeia, principalmente nos adolescentes e adultos jovens do sexo feminino.
A Sociedade Portuguesa de Suicidologia foi fundada em 16 de Dezembro de 2000, mas desde 1996 que já germinava a ideia desta associação científica, a partir das 1as Jornadas sobre Comportamentos Suicidários, em Condeixa. Resultante da confluência de saberes e de investigadores de diferentes disciplinas à volta do estudo das condutas suicidas, a Sociedade Portuguesa de Suicidologia pretende-se desperta para essa realidade do quotidiano. Foi nesta perspectiva que em 21 e 22 de Março levámos a cabo o Simpósio “Solidão e Melancolia” no Instituto Politécnico de Beja. Do dinamismo e da abertura desponta agora a construção e a divulgação deste “site”. Envolva-se, contribua com ideias. Seja bem-vindo.